tag:blogger.com,1999:blog-79617799724285444712024-02-21T08:30:08.798+00:00opedropinapeter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.comBlogger140125tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-88029880059399199012011-04-30T02:01:00.003+01:002011-04-30T02:18:34.835+01:00PAIXÃO EM SI<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9GBZDp5YD6fke5_0muzoXfKgm1Zbu7ctwwQpyqNlDTsTYqrMzmURmR5Q_1e0BmO_0MAX7sSP1TL0kzLZqBobZR9OncbllCOkbxPI5Dodi_KxHLnfK4FZYhzIWaIUg3mbemqepF2OH3FNE/s1600/espelho.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5601179846315178418" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 377px; CURSOR: hand; HEIGHT: 371px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9GBZDp5YD6fke5_0muzoXfKgm1Zbu7ctwwQpyqNlDTsTYqrMzmURmR5Q_1e0BmO_0MAX7sSP1TL0kzLZqBobZR9OncbllCOkbxPI5Dodi_KxHLnfK4FZYhzIWaIUg3mbemqepF2OH3FNE/s400/espelho.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Apaixonei-me por ti. Não me apaixonei por ti, apaixonei-me pela imagem que tenho de ti.</span><span style="font-family:courier new;font-size:130%;"> Apaixonei-me por ti. Não me apaixonei por ti, apaixonei-me pela vontade de me apaixonar por ti. Apaixonei-me por ti. Não me apaixonei por ti, apaixonei-me pelo desejo de me apaixonar. Apaixonei-me por ti. Não me apaixonei por ti, apaixonei-me pela paixão em si. Apaixonei-me por ti. Não me apaixonei por ti, apaixonei-me pelo sonho em mim. Apaixonei-me por ti. Não me apaixonei por ti. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-73666173969161188922011-04-24T16:10:00.003+01:002011-04-24T16:53:20.077+01:00NÃO ESCREVO PALAVRAS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxgsiE3ejmFfqWn5ss4DsbClvOLh7Jk5eEweKzwOze3AMP0DDk9qGsjoYCzjvUaiyqF5JS6vI6r2hGvMC03R59SR8qnSHuQeOLq62Uu09b2oFOTD8i9Ow61XmaXCgdXxVjqv5XqvhMyRD-/s1600/palavras1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 289px; DISPLAY: block; HEIGHT: 339px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599178745859237042" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxgsiE3ejmFfqWn5ss4DsbClvOLh7Jk5eEweKzwOze3AMP0DDk9qGsjoYCzjvUaiyqF5JS6vI6r2hGvMC03R59SR8qnSHuQeOLq62Uu09b2oFOTD8i9Ow61XmaXCgdXxVjqv5XqvhMyRD-/s400/palavras1.jpg" /></a><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Não escrevo palavras. As palavras não se escrevem. Se as palavras fossem escritas, teriam algum significado. As palavra seriam espelhos emotivos de meteorologias do coração. As palavras estariam embriagadas, porém não adormecidas, em estradas que nunca se entortam. Não quero escrever palavras. Quero constipar-me no calor da emoção embriagada sem significado. Quero perder-me nessa estrada desperta que nunca termina Quero viver. Não quero escrever palavras. As palavras escritas não são sentidas, são apenas escritas. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-60895008175705786712011-04-22T13:43:00.007+01:002011-04-30T02:01:11.911+01:00NADA É POR ACASO ENTÃO É PORQUÊ?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQ-GqnmDW50I-0Tu4KY24fgL-3F2ySJV0evWRCDKMSbetkgwEYovdqTLZdfDnjJzCnUjwuw5vegQiGjFroryZrt38toQ4P3pdU26uIJHU9CamXNt-1c_V1jYzHYoJxF4Rty5CLYuFVpNaW/s1600/sun_tour.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5598397300587917170" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 387px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQ-GqnmDW50I-0Tu4KY24fgL-3F2ySJV0evWRCDKMSbetkgwEYovdqTLZdfDnjJzCnUjwuw5vegQiGjFroryZrt38toQ4P3pdU26uIJHU9CamXNt-1c_V1jYzHYoJxF4Rty5CLYuFVpNaW/s400/sun_tour.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Nada é por acaso, então é porquê? Os olhares cruzam-se. As palavras tocam-se. Restos de vidas passadas, em memórias que talvez se recordem sem sabermos. Nada é por acaso, então é porquê? Por acaso sei a cor do teu cheiro, e o toque do teu olhar. Não me perguntes como o sei, apenas sei. Por acaso existe uma linha que seguro deste lado e sinto a extremidade oposta na tua mão. Por acaso, as borboletas na barriga despertaram na primavera e começam a voar até me sairem pela boca. Por acaso, não sei nada de ti mas a tua energia toca-me na ponta dos dedos. Por acaso, não estás aqui, e eu não estou aí. Mas por acaso, os olhares cruzam-se, e as palavras saem na ansia de te tocarem. Nada é por acaso, então é porquê?</span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-66147233327758318382011-02-04T17:36:00.004+00:002011-02-04T17:44:51.024+00:00FILHO DO ACASO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHJRiEI603SaRnJZpCII-8rtNlj80TXwSHsq07yEql_4tPFg_g1R7XTrFklQQR9lExldqtZ0Rr62UctStGh2eUq1zJPq2kS6c0REH0fGKj8X44HHZZFEf23Zns5vgyWS9yAIGUgYCzW5J7/s1600/pos-parto_52.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 396px; DISPLAY: block; HEIGHT: 264px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5569891223818243570" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHJRiEI603SaRnJZpCII-8rtNlj80TXwSHsq07yEql_4tPFg_g1R7XTrFklQQR9lExldqtZ0Rr62UctStGh2eUq1zJPq2kS6c0REH0fGKj8X44HHZZFEf23Zns5vgyWS9yAIGUgYCzW5J7/s400/pos-parto_52.jpg" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-size:130%;"><span style="font-family:courier new;">Era um fim de tarde de inverno. Ouviam-se gritos. Eles corriam de um lado para o outro, numa certa urgência, não se sabia bem de quê. Uma espécie de medo contaminava o ar. O medo é frio. Imobiliza-te. Congela-te. Bloqueia-te. Ela gritava cada vez mais alto. Eu ouvia os seus gritos ecoarem pelos corredores. Eram uma espécie de cântico do demónio. Temi que estivesses amaldiçoado. Temi a tua vida. A tua chegada. Vejo-o ao fundo do corredor. Os seus pés enterram-se no chão, como quem não quer avançar. O mensageiro teme a sua missão. Mas tem de ser cumprida. <em>“Um dos dois, não vai sobreviver.”</em> Diz ele. <em>“Ou ele, ou ela. O senhor tem de escolher.”</em> Não se pede a um homem que escolha entre uma vida e outra. Não se pede a um pai que escolha entre um filho e uma mulher. Não se pede a uma mãe que escolha entre a sua vida e a do seu filho. Não se pode escolher. E assim, ele não escolheu. Fechou os olhos e entregou a escolha ao destino, ao acaso. És filho do acaso. És filho do destino. Ela parou de gritar. Fez-se um silêncio. A boca dele estava aberta. Não emitia qualquer som. Os meus olhos fixavam o fundo do corredor, ansiando uma espécie de névoa, uma espécie de fantasma ou de messias. O silêncio parte-se ao meio e do centro brota um choro. Um choro de mulher. O choro confunde-se com um choro de menino. Como um coro em uníssono, choravam os dois, encantados com o nascimento dos ambos. Ela renascia abrindo as pernas para uma vida que agora nascia. E sem escolhas, destinos, acasos ou maldiçoes, assim nasceste tu, fruto do medo, da incerteza, da dúvida e no próprio limite da tua morte.</span> </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-57235566715974306892011-01-10T21:00:00.004+00:002011-01-10T21:15:29.179+00:00PALAVRAS PARA QUÊ, QUANDO TEMOS GESTOS?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiwwn384bryCWaDvUem66846w5HvwU3z0tMWZIzZ7FTCummIkR1Cuw9G5rRE_RJZ5kYTjc6CuaP3NzUj6olfDi9nDzWXNEkNMrZlVR3sS6nfn-cVaevV0iAMTDCsjvRekw2IihQUbJx9jo/s1600/Boca%252520muda%252520Dali.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5560668893571356850" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiwwn384bryCWaDvUem66846w5HvwU3z0tMWZIzZ7FTCummIkR1Cuw9G5rRE_RJZ5kYTjc6CuaP3NzUj6olfDi9nDzWXNEkNMrZlVR3sS6nfn-cVaevV0iAMTDCsjvRekw2IihQUbJx9jo/s400/Boca%252520muda%252520Dali.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">A mão percorre o caminho até à boca. Desenha um movimento lento que termina na força pressionada nuns lábios mudos. Engulo a línguagem numa garganta seca, empurrada por dois dedos. Os dedos abrem-se. A mão estica-se na força de um pulso alongado no ar. São dedos cansados que acreditam resistir à espera do encaixe duns ossos revestidos. Os dedos adormecem, inclinando-se sobre eles mesmos num movimento recolhido. O gesto de esperar adormece num silêncio cansativo de desistência. A mão morta percorre uma última vez o caminho até à boca. O tempo ficou sem gestos. E essa boca, ainda que entreaberta, secou o vento de sílabas sem sentido, de uns lábios gretados de tanto esperar um simples gesto. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-70700725137912350822010-12-11T19:44:00.003+00:002010-12-11T20:16:18.582+00:00PETER E A PALAVRA SEM NOME<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnTaohGMXJR_P_LRhwZrCLlqvTb1vXaqQ84zWdzYU8SEh6CA6jU-pyAoQBKxbULhUiJAomC-Y4hI9DnqIKgAOobb-8ykPT-e9xGZKf5lRRMpAV5Z3F-5l8LnFgicWwvQIBxMtUaGYm3vVY/s1600/vazio_coen_1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5549521035079873602" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 304px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnTaohGMXJR_P_LRhwZrCLlqvTb1vXaqQ84zWdzYU8SEh6CA6jU-pyAoQBKxbULhUiJAomC-Y4hI9DnqIKgAOobb-8ykPT-e9xGZKf5lRRMpAV5Z3F-5l8LnFgicWwvQIBxMtUaGYm3vVY/s400/vazio_coen_1.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Se a solidão existisse, não teria um nome. O nome seria pronunciado sem palavras, num silêncio de um vazio profundo. Uma palavra que não reconhece a sua existência, é mastigada sem expressão. A não-expressão é engolida em seco. Arranha. Da garganta, surge um vómito sem sabor. Os olhos petrificaram focando uma espécie de um nada insconsciente. A lâmpada fundiu no último segundo. Dentro do eco, as letras derretem-se, originando coisa nenhuma. O ponteiro desse relógio, parece partido, mas permanece à espera, que as letras ganhem sabor, que uma lágrima caia e que essa palavra se defina. Nesse dia, o ponteiro poderá deixar de arranhar a garganta, e espetar-se mesmo no meio da palavra, para assistir à sua morte. Nesse dia, a solidão não terá um nome, pois terá morrido. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-75997024167026289142010-10-24T14:44:00.003+01:002010-10-24T15:23:12.633+01:00PETER E A CERTEZA ILUSÓRIA DA PALAVRA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqGE8hHAQcnFs61Vc2XsFRDJDAZngARHu1DcMsBFIu3neb1XahJxYvjj46x6P0ef28pG0flrb2kfkPoLx0AC2eaezS1zhOm66o_WrFL6RcxkvcKSPu1ECluP5CHSTpS7WiqrI8_QPAj_ro/s1600/o%2520principio%2520da%2520incerteza(2).jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 200px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5531618026574495698" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqGE8hHAQcnFs61Vc2XsFRDJDAZngARHu1DcMsBFIu3neb1XahJxYvjj46x6P0ef28pG0flrb2kfkPoLx0AC2eaezS1zhOm66o_WrFL6RcxkvcKSPu1ECluP5CHSTpS7WiqrI8_QPAj_ro/s400/o%2520principio%2520da%2520incerteza(2).jpg" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">A certeza dessa palavra é incerta até na sua pronunciação. O ponteiro dos segundos move-se, alterando e provocando a terra debaixo dos meus pés. A terra treme. O verbo é conjugado apressadamente. O presente transforma-se em passado a cada segundo. Como posso eu pronunciar essa palavra, sabendo que o seu significado é o oposto de si mesmo? Fecho os olhos. Caminho. Viver é respirar incertamente de olhos fechados. Cada passo é igualmente aventureiro e assustador. Rasgo a palavra. Assassino o dicionário matando a ilusão de palavras que não existem, ou que apenas respiram um segundo. A certeza dessa palavra é a crença da sua própria ilusão. Tenho a certeza apenas de um em um segundo, tudo o resto é incerto. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-17653334335640974112010-10-13T15:46:00.003+01:002010-10-24T14:43:25.270+01:00PETER, O CHEIO E O VAZIO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc4GufnmxHl3Jv7p_r2Er_TmvCQfpIeSjzkr_uQbUqcHT7A6ocBkYG6QqD2XAZ49o4GxEH3y8iRnlaYOd84dSg-pFNWFzl-4rP7WtLXI6oH3gYNZC3pEwwq1viAxbObl71NvT1PP8Zf2nG/s1600/cineluso___4respirar.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 254px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5531607786639018898" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc4GufnmxHl3Jv7p_r2Er_TmvCQfpIeSjzkr_uQbUqcHT7A6ocBkYG6QqD2XAZ49o4GxEH3y8iRnlaYOd84dSg-pFNWFzl-4rP7WtLXI6oH3gYNZC3pEwwq1viAxbObl71NvT1PP8Zf2nG/s400/cineluso___4respirar.jpg" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPKkgHTfGs7Qe33DrVIvYYJdH1Q04Lw-3Fim1xiiupTk6T87swhZSUzHu6OKtdYVc3pwaS6UOCXQ99yGOQUIlggqVWURcj18L6ilxcOu3jfwvaz_040rGFHiR5HRyTfGKGWf5gjsAu59-z/s1600/cineluso___4respirar.jpg"></a><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Do vazio faz-se cheio e o cheio é importante esvaziar. Vomita-se o cérebro todo, um acumulado de anos irreflectidos. Vomita-se, para se atingir o nada. O vazio relaxante duma metamorfose embrionária. As asas ganham volume. O abrir das asas pronuncia o verbo receber. O caminho é pequeno, mas do vazio se torna como que cheio. E o cheio não cede espaço ao receber. Nesse movimento de asas, vomita-se um pouco. Recebe-se mais. Volta-se a vomitar. Volta-se a receber. E do vazio já não se faz cheio, que a metomorfose endureceu as asas. Mas do cheio faz-se sempre um vazio, quando a necessidade de respirar assim o pede. </span></div></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-63776695492901056412010-10-12T19:20:00.008+01:002010-10-24T14:42:57.944+01:00PETER CAIU DO ARMÁRIO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY6p5ojoFg6spuVZ-CEXIj6T7o5IhS8UKtMHGL3qPhSaCb7-4x7j5oDM7-bG5IN4LS1sFdWcULU-n5VAZ4angKM-7n3_BpvcrudLtT3kYjsOHehTph1Br5qkHtLqHIvANfr-O-OoNVBS7T/s1600/prato_quebrado.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 266px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5531607566387472546" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY6p5ojoFg6spuVZ-CEXIj6T7o5IhS8UKtMHGL3qPhSaCb7-4x7j5oDM7-bG5IN4LS1sFdWcULU-n5VAZ4angKM-7n3_BpvcrudLtT3kYjsOHehTph1Br5qkHtLqHIvANfr-O-OoNVBS7T/s400/prato_quebrado.jpg" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA9p_yHGogBVgm6-V1vMMBy2zcLP6pxMAJR7m8ZXrisZvXm9OOeRxk51j6ovv-qotwWdWyv8QTHUiwxJUYtokNjhDkus5YsmikxLjpsxtSuRdfZEbMVshen03VyHlcbR2ux8NQlgUM_82m/s1600/prato_quebrado.jpg"></a><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Essa parede branca, onde outrora enroscaste cuidadosamente o parafuso para pendurar esse armário novo, no qual as tuas mãos entuasiasmadas colocavam pratos cristalinos que habitavam uma prateleira direita, tentam agora segurar uma porta enferrujada sem equilibrio. Vês o armário vazio tentar segurar-se nesse velho parafuso, onde um cheiro a podre substitui os velhos moradores. Os pratos, deixaste-os cair, apodrecer e não conheceram substitutos. A prateleira entortou e ainda que segures essa porta enferrujada, sabes que pouco te resta daquilo que não cuidaste, que não amaste, além da sombra do que podia ter sido. Hoje essa parede suja, sustenta esse armário velho, vazio, podre que te recorda tudo aquilo que desperdiçaste e tomaste como garantido. </span></div></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-44913520918995691132010-08-22T10:50:00.005+01:002010-10-12T18:29:11.208+01:00PETER E A MINHA PELE<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuRKIFIDO7jxGEmWIwVsadZUOX4jjh7IpgULi7Jf-8Xmehnih10NcuVNl_QnDqPv2V2ls8VNxDAA-88eQuEGPEpK0WxQ6kmrrQrlc_ErcXyx0EWmFxkFFcOwojQo_I5ZAVWhpj5pQlDkBb/s1600/vazio.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5508176928271952994" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 374px; CURSOR: hand; HEIGHT: 176px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuRKIFIDO7jxGEmWIwVsadZUOX4jjh7IpgULi7Jf-8Xmehnih10NcuVNl_QnDqPv2V2ls8VNxDAA-88eQuEGPEpK0WxQ6kmrrQrlc_ErcXyx0EWmFxkFFcOwojQo_I5ZAVWhpj5pQlDkBb/s400/vazio.JPG" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI8p0EQPcSgva6DmcgDwnw0wDL9GpXfp1wBVtDJj3kPrVfD_yChmV-4v5U9yut1KOAskonTltaDODYUQ2VUi15lKsjjkEgpNG7YX7pj7TSzhVqIgXp78407SBkF4s3530ia68wwZHxJM3G/s1600/vazio.JPG"></a><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Vazio. Oco. Uma pele insuflável. O corpo, desenha mapas, linhas riscadas, cruzadas, emaranhadas nelas mesmas. O vazio necessita o preenchimento, como o corpo necessita a sua pele. Numa dessas linhas, rasgo os mapas e planos traçados. Entendo o improviso vital como uma ordem que parece preencher o futuro. No improviso o corpo veste-se. Não existem listas que me garantam a minha continuidade. Existe apenas a respiração. Existe o aqui e o agora. E nesse momento crucial, o corpo veste a pele e deita-se na minha cama. Não tenho a certeza do improviso, mas o improviso é improvisado a cada novo minuto desse mapa, agora incógnito, à espera de linhas rectas ou cruzadas, porém, não emaranhadas. Preencho o vazio e encaixo-me na minha pele. Hoje, entro dentro de mim. </span></div></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-61798407962578943052010-04-20T23:42:00.005+01:002010-10-12T18:29:34.820+01:00PETER , A DOR E O VAZIO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZVzauTSXirwzGRKQOCjzoiCd5dxbE28bLL3diCpx0e6TF4Bg2u5MaQtbrixCJLrHyCE0stGcWW3bye7lXDvX3xFJqrYG3iJU9fUc-rjei7rDWJA31abLGe5z1TB448OtC-QDBnqWb0ZJn/s1600/BAU.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5462354775520709778" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZVzauTSXirwzGRKQOCjzoiCd5dxbE28bLL3diCpx0e6TF4Bg2u5MaQtbrixCJLrHyCE0stGcWW3bye7lXDvX3xFJqrYG3iJU9fUc-rjei7rDWJA31abLGe5z1TB448OtC-QDBnqWb0ZJn/s400/BAU.jpg" border="0" /></a><br /><div><br /><div><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Quando alguém morre, a dor domina-nos por completo. Domina-nos os olhos, a boca. Leva-nos as lágrimas, os gritos. O mundo inteiro parece ter-se aliado numa espécie de guerra destrutiva. Os gritos massacram a dor até à exaustão. A dor é consumida na pele. Um dia, a dor dá lugar ao vazio. Um vazio solitário. Fugimos das palavras, do som. Fugimos dos gritos que massacravam esse sangue que corria por essa ferida exposta e que não permitíamos estancar. Fugimos da memória da dor. O vazio e o silêncio, ainda que assustador, tornam-se companheiros numa viagem isolada. Um dia, a meio da fuga, percebemos que não nos lembramos da dor. Uma espécie de sorriso desenha-se numa boca que outrora gritava. E ainda que uma nova viagem comece, a memória dessa dor, permanece intocável, temendo correr o risco que essa ferida se abra novamente e nos enlouqueça.</span> </div></div></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-3017399559327502322010-04-01T19:42:00.005+01:002010-10-12T18:29:52.355+01:00PETER E RAPUNZEL ENLOUQUECIDA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7EEOZS4id0QkYKB8L_eWwnPB-YmBDGiy2hOnAks0U9vcW4Vf8-LowIDURXaYuNyYTx-TdwExtZqyZz0GqbPPer4saGw9wFbOUhUSJOgAJvXPDLPXF7SiuaMi-wcRLcVYXewhtCRDgA43b/s1600/kay_rapunzel.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5455265296299270098" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 291px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7EEOZS4id0QkYKB8L_eWwnPB-YmBDGiy2hOnAks0U9vcW4Vf8-LowIDURXaYuNyYTx-TdwExtZqyZz0GqbPPer4saGw9wFbOUhUSJOgAJvXPDLPXF7SiuaMi-wcRLcVYXewhtCRDgA43b/s400/kay_rapunzel.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Num ritmo lento, num gesto minimal e repetitivo, faz e desfaz as suas tranças enquanto ainda sente nos músculas das pernas a dureza de cada degrau subido e aprisionado. Deixou de contar o tempo, em calendários anuais empilhados ao lado da janela. Desfaz e refaz as tranças enquanto vislumbra uma espécie de cavalo branco conduzido por alguém que se parece contigo. O nó da trança engole o nó do passado, engolido no nó da garganta, em noites engolidas sem dormir e sem contar o tempo. Num ritmo lento, num gesto minimal e repetitivo, refaz e desfaz as tranças enlouquecidas que cresceram quilómetros de ponteiros de espera. Não era um cavalo alucinado numa ilusão do tempo. Era somente um sonho empilhado e esquecido nesses calendários poéticos. Mais um calendário. Mais um sonho. Mais um cavalo. Mais uma trança. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-20403150258058049822010-03-28T17:59:00.004+01:002010-10-12T18:30:22.021+01:00PETER E O MORTO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWAPbane2drsUIy5nPXcRvnERFhmZ3yJ8XanKz1qkYhpdXQ_OMNbovUeqPFjWO2VJGbpTb-EqU5FMKPdsWWSq4ff7M0J83NVLJk7JPlXDVWexmRf2cTVx1QPQNsK9zgLQm5e0yFZ_Y5Ht9/s1600/caixao.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5453736870825902194" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 279px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWAPbane2drsUIy5nPXcRvnERFhmZ3yJ8XanKz1qkYhpdXQ_OMNbovUeqPFjWO2VJGbpTb-EqU5FMKPdsWWSq4ff7M0J83NVLJk7JPlXDVWexmRf2cTVx1QPQNsK9zgLQm5e0yFZ_Y5Ht9/s400/caixao.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Não me lembro da cor da tua voz. Não tinhas voz. És uma recordação muda, morta. Uma memória dum silêncio imposto por ti. Os mortos não falam. Abandonam-nos e deixam-nos com uma leve saudade duma história incompleta. No último dia do ano, guardo os restos de alguns capitulos e fecho essa caixa vermelha. Fecho o teu cheiro, a tua cor, o teu sabor. Estás morto. Aceito-o. E assim morre o ano, numa história que não percebeu o fim. Depois do luto, as minhas pernas aprendem a caminhar, sem muletas. Lembro-me da cor da minha voz. Pinto a estrada ao meu som. Um passo, uma pincelada, uma colcheia, uma tecla, depois outra. E um dia, os mortos regressam, não sei de onde, dessa caixa talvez. Mas os mortos não falam. Os mortos não têm cor, sabor, voz, tom. Como podes tu falar comigo, se estás morto? </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-80624373449800545432010-03-13T23:49:00.005+00:002010-10-12T18:30:33.772+01:00PETER E O PRIMEIRO ANDAR<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLGCjjKjqI7rvhAyGSnOX7aq_foD4vgSXfHv8dy7hflfed2qyfmEmFaN23gGXMaQn4fmpZ7wuADi28_ZSoHd0q0u0LR0qd_v-uuMmwDdB77C2ZYcPpXpN_tlyNR114Tw0pDJhsxkDHhyphenhyphen79/s1600-h/janela-1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448273893440210402" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLGCjjKjqI7rvhAyGSnOX7aq_foD4vgSXfHv8dy7hflfed2qyfmEmFaN23gGXMaQn4fmpZ7wuADi28_ZSoHd0q0u0LR0qd_v-uuMmwDdB77C2ZYcPpXpN_tlyNR114Tw0pDJhsxkDHhyphenhyphen79/s400/janela-1.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">O escuro de uma sub-cave é irrespirável. Olha-se o chão, temendo que a distância do tecto encolha sem avisar. Os olhos fecham-se. A respiração conta números inexistentes. No último número, antes mesmo de desenhar o infinito irrespirável, os olhos abrem-se. As unhas gravatam terra na urgência de uma luz. O corpo eleva-se. A luz sépia de um rés-do-chão guarda o indício da existência de escadas caminhaveis. Lentamente os dedos dos pés exercem uma espécie de força sobre o frio de cada degrau. Ao ascender dos degraus, os números da respiração descendem. Existe um imenso espaço vazio forrado a janelas, no primeiro andar. Os dedos das mãos, ainda com restos da memória da terra da sub-cave, abrem ansiosamente as portadas de uma das janelas. Um corredor de luz atravessa todo o primeiro andar. Os olhos contam as janelas paralelas. É urgente abri-las. Uma a uma. Estou ainda apenas no primeiro andar. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-40154953783248232292010-03-12T03:26:00.004+00:002010-10-12T18:30:45.164+01:00PETER E O COPO DE ÁGUA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNqQW4bBZBzrnNuHjIc4iKjxnKUKK6dzuDfG_7pBkueisrN8AJFAVnQ-NGiJmoYLbOdFMYR8rFaKIWeX7w_IFATDX3hW3Q0Z-TawaSuqrnIVRd1q2P4p0kGzPaD7dfSWP9eCy6n7g62eOw/s1600-h/untitled.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447584129601342034" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 398px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNqQW4bBZBzrnNuHjIc4iKjxnKUKK6dzuDfG_7pBkueisrN8AJFAVnQ-NGiJmoYLbOdFMYR8rFaKIWeX7w_IFATDX3hW3Q0Z-TawaSuqrnIVRd1q2P4p0kGzPaD7dfSWP9eCy6n7g62eOw/s400/untitled.bmp" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;"><span style="font-size:130%;">O mundo embebeda-me a todo o momento. Sou copo sedento de beber o que mais preciso e me faz falta. No entanto, por vezes a água do copo que me dás, parece-me tão turva, que me recuso bebe-la. Outras vezes parto o copo com a revolta de me teres oferecido algo tão intragável. Mas seria realmente essa água dessa cor ou são os meus olhos que embaciados pela dúvida e pelo medo, “daltonicamente” confundem essa cor, lendo-a escura e negativa? Eu posso não escolher a cor da tua água. Mas posso escolher-lhe o sabor. A água não é minha, mas a língua é. O prazer ou o nojo são escolhidos por mim, pelo ápice da minha língua. Eu escolho a sensação que essa água me provoca, seja ela turva ou incolor.</span> </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-48160057915312813512010-02-28T12:49:00.004+00:002010-10-12T18:31:41.919+01:00PETER E AS PORTAS FECHADAS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCgPDVTK2o5BZmJ62oz8lSaRApBe2p0sMYm1m0kg8VO-zo3YHxk_AGAk7CnUGY82Z36MtM2P1R62iZdJXEUygZ6bGQ_RrkZI58xqWgtuj-MuxqJZA62xSmU2cOJWPBUSTKVWrJQCxNvQMn/s1600-h/1215352038CP2iNJ.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5443282150474333890" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 241px; CURSOR: hand; HEIGHT: 350px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCgPDVTK2o5BZmJ62oz8lSaRApBe2p0sMYm1m0kg8VO-zo3YHxk_AGAk7CnUGY82Z36MtM2P1R62iZdJXEUygZ6bGQ_RrkZI58xqWgtuj-MuxqJZA62xSmU2cOJWPBUSTKVWrJQCxNvQMn/s400/1215352038CP2iNJ.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Não existiam portas. A respiração não era contida. A entrada fluía directamente sem qualquer espécie de receio. E ainda que ao tremer de emoções as portas estremecessem, mantinham-se escancaradas, sem medo. Lentamente, o espaço de entrada foi diminuindo. As portas foram deslizando ao encontro uma da outra. A entrada directa foi substituída por um longo corredor martelado que ninguém consegue ultrapassar. No último tremor, as portas embateram uma contra a outra, fechando-se sem qualquer respiração. A solidão virou as costas às portas, cuja fechadura envelheceu enferrujada pelo medo. E ainda que lá mesmo ao fundo desse eterno corredor consiga vislumbrar uma imagem que alguém que se parece comigo, a entrada tornou-se proibída. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-25732922604670525402010-02-23T01:12:00.005+00:002010-10-12T18:31:13.186+01:00PETER E A CARA DE PARVO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_HDz8UoRg9Oe_OT3fcQjMaN9iQ64WbFvhLjxjGfhnfV6oG9SVnlGA7sjMuLiQ3iqlUnpBVFf2bUhDvZypMPA3EwtbnCZ44a3W2BGGonXxWKZ-f6mv6ddvzu4nBSq95hv5BgNr2A0oITiA/s1600-h/fabulas.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5441246867460923746" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 294px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_HDz8UoRg9Oe_OT3fcQjMaN9iQ64WbFvhLjxjGfhnfV6oG9SVnlGA7sjMuLiQ3iqlUnpBVFf2bUhDvZypMPA3EwtbnCZ44a3W2BGGonXxWKZ-f6mv6ddvzu4nBSq95hv5BgNr2A0oITiA/s400/fabulas.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Cara de parvo, dizes tu ao sorrir patéticamente, tropeçando no passeio molhado, nos finais de tarde de ansiedade de correr até à baixa. Cara de parvo, dizes tu deliciando-te nesse olhar de mar calmo infinito onde te queres perder, mesmo sem saber nadar. Cara de parvo, dizes tu ao recuares todos os calendários desenhados à mão, nessas lojas do Chiado onde as mãos se apertam, e descobres que tens outra vez 15 anos. Cara de parvo, sim quando te olhas ao espelho e não percebes, sem medo que viver é desenhar diariamente uma cara de parvo, sem medo que ela desapareça a qualquer momento, mas aproveitando cada segundo desse teu olhar que me deixa com cara de parvo. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-39367584095543341122010-02-10T21:55:00.001+00:002010-10-12T18:31:27.049+01:00PETER E A VIAGEM LIBERTADORA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZmSHlA2XFETHAt-EbuWzf3YPPZx5w-dpw_MBal-SYJZa48Y8QXjejI6fq9pisREtPeZuDgJQZ9EMfvN9yNOm_Jbnv6EbQn7bqSdGiEYAgFp6IJljvfdLf05kiZ4LJ3Y7F6aj_vE9zE0I4/s1600-h/untitled.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5436367892738246210" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 255px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZmSHlA2XFETHAt-EbuWzf3YPPZx5w-dpw_MBal-SYJZa48Y8QXjejI6fq9pisREtPeZuDgJQZ9EMfvN9yNOm_Jbnv6EbQn7bqSdGiEYAgFp6IJljvfdLf05kiZ4LJ3Y7F6aj_vE9zE0I4/s400/untitled.bmp" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Ele deita-se calmamente sobre a água fria. Vejo o seu corpo desaparecer. Fecha os olhos pesados e mergulha num mar de memórias quentes que reflectem toda a sua vida. O seu corpo despido de roupa e de medos adormece dentro do mar. E sem saber nadar inicia aqui a viagem libertadora da vida. Antes de fechar os olhos, olhou para as suas pegadas gravadas na areia enquanto engolia esses pequenos comprimidos numa mão cheia de adeus. Ele deita-se calmante sobre essa água agora sem qualquer temperatura já que o seu corpo se liberta de si mesmo para poder sentir seja o que for. Foi assim que imaginou essa viagem libertadora até ao fundo do mar. É assim que um dia se irá calmamente despedir. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-34959465752778135862010-02-09T00:46:00.004+00:002010-10-12T18:31:55.579+01:00PETER E A ALMOFADA VERMELHA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7hMTqUPnG16JIPkrCoRCynp7qiO45AjsB7DG-OZKxApSThbzrNwDZhuYy_en96MC8LNhlCFcef4EvHU5w9jR1C9regCwEDUCSY2Xz2qKaHDG7ww0UXCT4lv4httlc8QtrpdVUuktyL3-V/s1600-h/106038044_0722bcf1bc.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5436044275828847218" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7hMTqUPnG16JIPkrCoRCynp7qiO45AjsB7DG-OZKxApSThbzrNwDZhuYy_en96MC8LNhlCFcef4EvHU5w9jR1C9regCwEDUCSY2Xz2qKaHDG7ww0UXCT4lv4httlc8QtrpdVUuktyL3-V/s400/106038044_0722bcf1bc.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Deitas a cabeça baixinho na almofada vermelha. É noite. É sempre noite quando deitas a cabeça baixinho nessa almofada e o olhas em silêncio. É noite. Respiras o seu adormecer na noite quente e escura de um inverno aconchegante. Deitas a cabeça baixinho na almofada e sentes o seu calor. O seu cheiro no teu corpo, na tua cara, na tua almofada. Abraças o silêncio adormecido que te embala num sorriso leve de quem afaga a almofada. Deitas a cabeça baixinho na almofada e adormeces aninhado no seu calor silêncioso de inverno. Os olhos fecham-se levamente, o som do último sopro ouve-se sussurrar ao adormeceres protegido por uma almodafa vazia que sentes sempre preenchida apesar de não o estar. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-69079446344824373812010-02-08T01:45:00.004+00:002010-10-12T18:32:55.084+01:00PETER E OS PÉS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG8urPqTFL9Cf6W-dav3_QhtoYUW7gPEUzw6D159Zb6C-ZxXpAkroTjSev9BWT9u_liuFtOO_29_zds4K2G9Oawe38GOUPEqlnbwZwOd2btmPp1c8FhZWmHXWvkeoClrUL-cJiqSV-TDAM/s1600-h/vazio+em+plenitude,,,CORA%25C3%2587%25C3%2583O.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435685138216168338" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 317px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG8urPqTFL9Cf6W-dav3_QhtoYUW7gPEUzw6D159Zb6C-ZxXpAkroTjSev9BWT9u_liuFtOO_29_zds4K2G9Oawe38GOUPEqlnbwZwOd2btmPp1c8FhZWmHXWvkeoClrUL-cJiqSV-TDAM/s400/vazio+em+plenitude,,,CORA%25C3%2587%25C3%2583O.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Os seus pés caminhavam lentamente nesse corredor vazio. A luz tinha como que adormecido em silêncio nessa casa apagada. Os pés caminhavam eternamente nesse corredor que parecia aumentar a cada passo. Quando os pés não querem dormir, caminham. Quando os pés se recusam a dormir, percorrem corredores infinitos de memórias que gritam, ainda que abafadas pelo calor, pelo frio e pelo silêncio do tempo. Os pés lutam com essa mão que abafa a voz estrangulada num corredor sem destino. Os pés que caminham sem sentido, não percebem que o sentido é somente percorrer esse corredor até à exaustão. Até o medo passar, até a voz se calar, até os olhos se fecharem, a memória se apagar e se estenderem lentamente, um com o outro, num vazio que afinal era somente imaginário. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-54501859900130362632009-10-17T19:00:00.002+01:002010-10-12T18:33:12.755+01:00PETER E AS PORTAS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX1SFVo3TmM2tLNkh-wgdteX3b-UuPsqWjFbKo4Dkvh8252tmb66nNlWCNtDONaBfnoU18g5WY5mFRhgOPAxWVY7efLilGlsm7w4GCcEC3Q8fXMl3GiCeDWtL_zhXLiD0pHM-hPJ8q-9SC/s1600-h/porta%2520aberta.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5393646359037695426" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 270px; CURSOR: hand; HEIGHT: 360px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX1SFVo3TmM2tLNkh-wgdteX3b-UuPsqWjFbKo4Dkvh8252tmb66nNlWCNtDONaBfnoU18g5WY5mFRhgOPAxWVY7efLilGlsm7w4GCcEC3Q8fXMl3GiCeDWtL_zhXLiD0pHM-hPJ8q-9SC/s400/porta%2520aberta.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Retirei as portas de casa. Existe a porta de entrada, a da casa de banho e a do meu quarto. Todas as outras foram retiradas. Não gosto de portas. Fecham-me a passagem. A porta do quarto está aberta. Nunca fecho as portas dos armários. Nunca fecho as portas. Uma porta aberta é uma luz infinita de possibilidades que não quero fechar. Temo que ao fechar essa porta, possa ali não voltar. Temo que ao fechá-la esteja a fechar a minha vida. Olho esse armário aqui à minha frente, a porta está aberta. Nunca fecho as portas. </span><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Adormeço. A porta do armário está aberta. A porta do quarto está aberta. Nunca fecho as portas. Não quero fechar essa porta. Não quero ficar trancado, não quero ficar fechado, não quero ficar aqui...</span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-2550154231699685292009-09-20T12:56:00.005+01:002010-10-12T18:33:30.213+01:00PETER A ACORDAR COMIGO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir2N70QBAj6Oi1Gx7ZHRHpiPvBxh3ZbVdDrB_q79qYQlS8WTy2Iy32SgUP5lCZXLmUFmhnOxkiUOP-Yhg43KcfgvYbBCsk_1qHfFQ8AEyUQjYdPgxWq4s7_Q2__XZXvIyahrPjAoeNx8Uy/s1600-h/janela.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5383574726003362338" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 337px; CURSOR: hand; HEIGHT: 358px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir2N70QBAj6Oi1Gx7ZHRHpiPvBxh3ZbVdDrB_q79qYQlS8WTy2Iy32SgUP5lCZXLmUFmhnOxkiUOP-Yhg43KcfgvYbBCsk_1qHfFQ8AEyUQjYdPgxWq4s7_Q2__XZXvIyahrPjAoeNx8Uy/s400/janela.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Acordo. Estico o corpo pela cama. Bocejo. Volto a aninhar-me. Aninho-me em mim. Aninho a cabeça na almofada. Fico mais uns minutos deitado. É bom. Não sei que horas são nesta cama. Abro os olhos. Vejo o meu corpo ocupar esta cama, sem medo, sem solidão. Vejo o meu corpo agarrado ao meu corpo. Dormi comigo. Dormi uma noite inteira comigo. É bom. São 10h da manhã nessa janela. Abro a janela. Vejo esse sol que me abre a alma. Estico o meu corpo ao sol da janela. Encostado ao vidro quente, fico abraçado ao meu corpo, a olhar a luz. Hoje foi a primeira manhã em que acordei comigo. Acordo. É bom!</span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-43254749334151823542009-09-09T11:15:00.004+01:002010-10-12T18:33:46.248+01:00PETER E O PASSEIO DA FONTES PEREIRA DE MELO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj95xSU1U1bXt32nUaOakrgG6FvNdSLYdvVAKpPDC6TY8vtbPnsh1xosrSPEbeJ7du46qrFE06xmLorEJKtgYzNNtJitxFDjC74-da1yVYmvOC8sNM26tHmgapDQr6Cl_U4ErY9YXVcR28p/s1600-h/dbd7a0aa5ab420d5ecd86d5671d109a3_large.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5379418372225621586" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 238px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj95xSU1U1bXt32nUaOakrgG6FvNdSLYdvVAKpPDC6TY8vtbPnsh1xosrSPEbeJ7du46qrFE06xmLorEJKtgYzNNtJitxFDjC74-da1yVYmvOC8sNM26tHmgapDQr6Cl_U4ErY9YXVcR28p/s400/dbd7a0aa5ab420d5ecd86d5671d109a3_large.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">As pedras de calcário alinhadas no chão, recebem os meus pés. É noite. O passeio recebe o meu corpo que se move em direcção a casa. Os carros continuam a passar do lado esquerdo. Vejo-lhes as luzes. A Pizza Hut continua aqui do lado direito. Os saldanhas continuam atrás de mim. O chão continua debaixo dos meus pés. O oxigénio continua a entrar-me devagarinho pelo nariz navegando até aos meus pulmões. O Palácio Sotto Mayor continua do lado esquerdo. A minha casa continua lá ao fundo. Afinal este passeio não desapareceu apesar do teu corpo nao estar do meu lado esquerdo. Afinal a minha mão esquerda não caíu apesar de não estar agarrada à tua neste passeio. Afinal nao fiquei surdo apesar de não ouvir a tua voz neste passeio. As pedras de calcário continuam neste passeio e nem a Pizza Hut desapareceu. A cidade continua aqui e eu também. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-53489479531574454752009-08-25T09:36:00.001+01:002010-10-12T18:33:59.174+01:00PETER E A TORRADA QUEIMADA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfjC8x7-e9fIKh51vuTvTpSVosap6T1jRAqSPYuIpGRwmSL_kIFTyPR_5DfP0bdL6UnY23T6qY72dKo7UIQLbdSN87g4yEi6kxosInptje9gTFxNDtelrHe7wXpVIK6OaAWTp_ToGyucy4/s1600-h/torrada-queimada-WEB.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373627084323657650" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 350px; CURSOR: hand; HEIGHT: 340px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfjC8x7-e9fIKh51vuTvTpSVosap6T1jRAqSPYuIpGRwmSL_kIFTyPR_5DfP0bdL6UnY23T6qY72dKo7UIQLbdSN87g4yEi6kxosInptje9gTFxNDtelrHe7wXpVIK6OaAWTp_ToGyucy4/s400/torrada-queimada-WEB.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Deixa estar, não te incomodes por mim. Dizia ela, naquele rosto calmo, de uns olhos tristes que queriam gritar e não podiam. De manhã, ao pequeno almoço fazia torradas. Cantava: <em>"torradinhas com manteiga, quem as não comeu, quem gosta de mim são elas, quem gosta delas sou eu!"</em> E enquanto cantava, espalhava calmamente a manteiga nessas torradas, escondendo as mais queimadas no seu prato. Ela ficava sempre com a torrada mais queimada. Aquela que ninguém queria comer. Um dia, olho para mim e ouço a minha voz dizer: deixa estar, não te incomodes por mim. Olho o meu prato e vejo que durante anos, herdei dela esse hábito de não me importar de ficar com as torradas queimadas da vida. </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-7961779972428544471.post-32966321209439057052009-08-19T14:48:00.001+01:002010-10-12T18:34:11.461+01:00PETER E A FLOR<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRfYC0nlKjGoOavHrzzLflFpM22yqdAAeK24bEBZbwUjkYGCU3Pbtogw8nL7UfXmSS1AEq9Gj_oQ6S2s7o8PfYvZy2yeD6ZE4rqFme5M0BHWNiHTEqRhty2OZjZtZ8gMUl84joI7zimH7_/s1600-h/malmequer-bem.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370592595223683842" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 299px; CURSOR: hand; HEIGHT: 297px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRfYC0nlKjGoOavHrzzLflFpM22yqdAAeK24bEBZbwUjkYGCU3Pbtogw8nL7UfXmSS1AEq9Gj_oQ6S2s7o8PfYvZy2yeD6ZE4rqFme5M0BHWNiHTEqRhty2OZjZtZ8gMUl84joI7zimH7_/s400/malmequer-bem.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:courier new;font-size:130%;">Se uma flor perder as suas pétalas, deixa de ser uma flor? Se uma flor perder a sua cor, deixa de ser uma flor? Se uma flor perder o seu cheiro, deixa de ser uma flor? O caule está direito. Da raiz, ligada à terra, sai um liquido que percorre todo o caule. Tu não a vês. Mas ela está ali. Respira devagar esse sol, na esperança que um novo cheiro a pinte, que uma nova cor a lave. Espera poder abrir os braços ao sol e sorrir espreguiçando-se.</span><span style="font-family:courier new;font-size:130%;"> Estou aqui. Não me vês? Olha para dentro de mim, não olhes para o meu invólucro. Não passa de um corpo intemporal que habito hoje. Fecha os olhos e olha para dentro de mim. Estou aqui. A essência de mim, encontra-se dentro deste caule e vem-me da raiz. Cortaram-me os braços, perdi a cor e o cheiro. Deixei de ser eu? </span></div>peter_pinahttp://www.blogger.com/profile/00044850303058735289noreply@blogger.com24