A mão percorre o caminho até à boca. Desenha um movimento lento que termina na força pressionada nuns lábios mudos. Engulo a línguagem numa garganta seca, empurrada por dois dedos. Os dedos abrem-se. A mão estica-se na força de um pulso alongado no ar. São dedos cansados que acreditam resistir à espera do encaixe duns ossos revestidos. Os dedos adormecem, inclinando-se sobre eles mesmos num movimento recolhido. O gesto de esperar adormece num silêncio cansativo de desistência. A mão morta percorre uma última vez o caminho até à boca. O tempo ficou sem gestos. E essa boca, ainda que entreaberta, secou o vento de sílabas sem sentido, de uns lábios gretados de tanto esperar um simples gesto.
27.216
Há 3 anos
7 comentários:
Amei este texto..
Tenho saudades das nossas conversas de corredor
beijinhos!
Aninha, saudades tuas! :)
um beijinho
Olá Pedro,
Os teus textos são de uma interioridade e beleza fulminantes. Embora por vezes pessimistas, mas mesmo assim sobressai a inteligência de uma análise psicológica que poucos sabem fazer.
Estamos sempre a um gesto de tudo e esperar também pode ser um caminho de sonho. Alimenta o sonho e vive.
Beijos
Branca
P.S. O comentário que fizeste no meu sítio prova a tua capacidade psicológica. Aquilo foi mesmo escrito de olhos fechados, :))
Um gesto pode mudar um mundo.
Adorei este teu texto Pedro. Não tenho muito mais para dizer. Gostei.
Bjs alienígenas
Brancamar: que palavras tão bonitas, muito obrigado!
Alien: obrigado, não tenho muito mais para dizer.
O que comentei anteriormente serve para aqui, com mais força nas palavras...
Stay Well
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