Este comboio, que me leva e me traz, começa a habitar em mim. Nos ouvidos uns phones projectam música ao meu cérebro, distraindo-me de mim mesmo e do relógio. Nesta janela, as imagens passam a uma velocidade que decoro a cada viagem. A ansia de querer chegar. A ansia de não querer partir. Nas mãos um livro que leio, que finjo que meio, que vou lendo devagar, enquanto sublinho frases que não quero esquecer. Os olhos fecham-se. Adormeço. Adormeço e engano o tempo e o próprio comboio. Na outra mão, um dedo escrve mensagens a todos os números em conversas que me distraem de mim mesmo, ou não. Encolho-me. Deito a cabeça na janela. Em tantas viagens, já vivo aqui. Por vezes não quero partir. Outras, não quero chegar. Fecho os olhos e imagino uma linha férrea interminável. Neste comboio, enquanto vou e venho, o tempo não passa por mim.
27.216
Há 3 anos
4 comentários:
Gostei :)
Tenho saudades de andar de combio pelo nosso Portugal.
Marilena': obrgd por teres vindo!
aespumadosdias : sabes, tb ja tinha saudades...andava a nao visitar os meus pais :(
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