Não existiam portas. A respiração não era contida. A entrada fluía directamente sem qualquer espécie de receio. E ainda que ao tremer de emoções as portas estremecessem, mantinham-se escancaradas, sem medo. Lentamente, o espaço de entrada foi diminuindo. As portas foram deslizando ao encontro uma da outra. A entrada directa foi substituída por um longo corredor martelado que ninguém consegue ultrapassar. No último tremor, as portas embateram uma contra a outra, fechando-se sem qualquer respiração. A solidão virou as costas às portas, cuja fechadura envelheceu enferrujada pelo medo. E ainda que lá mesmo ao fundo desse eterno corredor consiga vislumbrar uma imagem que alguém que se parece comigo, a entrada tornou-se proibída.
27.216
Há 3 anos
4 comentários:
Muito interessantes, Pedro, os teus exercícios psicológicos e muito inteligentes. Este texto é um desafio para mim,gostei imenso e voltarei para o reler.
Um abraço.
Branca
Descobri agora.
Parabéns.
Fiquei.
C.-L
Brancamar, o melhor exercicio é tentar a voltar abrir as portas!
Caracois: bienvenue!
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